jueves, 12 de noviembre de 2009

Dicen que...

A literatura é um arquivo

(Os Fantasmas de Link)


por Raúl Antelo


O conceito que, portanto, Link nos propõe em Fantasmas, abertamente apático, acefálico e minotáurico, me permite dizer que o fantasma não é o relato mas é a preparação do relato, ele não é vida, vivência, mas passagem da vida à obra que, ao ser in-operante, torna-se texto e assim nos permite associar o fantasma em questão daquilo que Alain Badiou chama de preparação figural. Não é, portanto, a preparação para o romance entendido como fábula moralizante mas a preparação para a figura entendida como ficção, como máscara, como persona. Não é Link mas um linkillo. Com efeito, em Pequeno manual de inestética, ao analisar a escritura de Beckett, Badiou se detém em Worstward Ho (1983), relato traduzido ao francês como Cap au pire, um relato de l´autre cap, acéfalo.

(...)

A conclusão é clara. Assim como Greco é cinematográfico, Eisenstein é becketiano e aquilo que o diretor russo destaca, no pintor espanhol, seu manejo da montagem, sua perícia no recorte, na miniaturização e serialização de imagens, são a rigor formas de colocar a arte à altura de uma época de reprodução disseminada. Ora, outra não é a proposta de Daniel Link. Não me refiro apenas à prosa omnívora (Laura Isola) de Los años 90, La ansiedad ou La mafia rusa, suas experiências declaradamente narrativas. Mas destaco, entretanto, o fato de que, até mesmo nos livros mais cerradamente “acadêmicos”, Link, condenado pelo nominalismo a ser montagem, nexo, concomitância, responde à montagem literária por zapping e rewind, por corta-e-cola. Os seus textos, nem inteiramente aulas, nem completamente de blog, basculam assim nessa ambivalência fantasmática do não-sujeito do político, alguém que não é tão estranho para muitos, como Pezzoni era, porque agora sabemos, através de linkillo, onde foi, o que comeu, ou com quem dançou Daniel Link; alguém que não é um inimigo, porque, a diferença dos intelectuais modernos, como Viñas, Link não faz de uma causa um comício, e alguém, enfim, que nem mesmo quer ser um amigo, mas adora posicionar-se como um não-amigo absoluto, como uma forma misteriosa e inquietante de presença política. Esses são os Fantasmas de Link.



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