IHU On-Line - Qual é a riqueza que Macunaíma apresenta, em termos de folclore, de reprodução de uma fala brasileira, de narrativas orais indígenas e crendices populares, de desenvolvimento da cidade de São Paulo, em oposição a outros espaços que continuam ainda inexplorados país afora?
Raúl Antelo - A riqueza maior é associar literatura e magia. Agamben nos relembra que a expressão latina indulgere Genius exprime o vínculo paradoxal que se estabelece entre a exigência do Gênio e a nossa própria felicidade. Entre o Gênio e o eu, não há continuidade: há um hiato, o da razão ocidental. Indulgere Genius é indulgere magia. Devemos, por força, abandonar-nos ao Gênio (à Magia, à Linguagem, ao Inconsciente) porque, caso contrário, se fôssemos apenas sujeito e consciência, não conseguiríamos sequer digerir. E a antropofagia é isso: comer, digerir, defecar. O Gênio (a Magia, a Linguagem) é o que há de mais pessoal em nós, mas, ao mesmo tempo, é também o mais impessoal, é aquilo que nos ultrapassa e excede. Por isso uma escrita experimental, como a de Macunaíma, ao nos reconciliar com o Genius (com o inconsciente, com a linguagem), busca liberar aqueles valores previamente capturados pelos dispositivos biopolíticos, e mesmo bioestéticos, para restituí-los a um possível uso comum.
Acá, la entrevista completa y acá, el número especial de la revista IHU sobre Macunaíma, en formato pdf.
Las tres gracias
-
Mientras preparo un taller sobre el paso (siguiendo algunos motivos) de los
cuentos tradicionales, desde las lejanas cortes europeas a los libros que
hay...
Hace 2 semanas.
No hay comentarios.:
Publicar un comentario