martes, 12 de agosto de 2008

Literatura y magia

IHU On-Line - Qual é a riqueza que Macunaíma apresenta, em termos de folclore, de reprodução de uma fala brasileira, de narrativas orais indígenas e crendices populares, de desenvolvimento da cidade de São Paulo, em oposição a outros espaços que continuam ainda inexplorados país afora?

Raúl Antelo
- A riqueza maior é associar literatura e magia. Agamben nos relembra que a expressão latina indulgere Genius exprime o vínculo paradoxal que se estabelece entre a exigência do Gênio e a nossa própria felicidade. Entre o Gênio e o eu, não há continuidade: há um hiato, o da razão ocidental. Indulgere Genius é indulgere magia. Devemos, por força, abandonar-nos ao Gênio (à Magia, à Linguagem, ao Inconsciente) porque, caso contrário, se fôssemos apenas sujeito e consciência, não conseguiríamos sequer digerir. E a antropofagia é isso: comer, digerir, defecar. O Gênio (a Magia, a Linguagem) é o que há de mais pessoal em nós, mas, ao mesmo tempo, é também o mais impessoal, é aquilo que nos ultrapassa e excede. Por isso uma escrita experimental, como a de Macunaíma, ao nos reconciliar com o Genius (com o inconsciente, com a linguagem), busca liberar aqueles valores previamente capturados pelos dispositivos biopolíticos, e mesmo bioestéticos, para restituí-los a um possível uso comum.

Acá, la entrevista completa y acá, el número especial de la revista IHU sobre Macunaíma, en formato pdf.

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